Em virtude da necessidade de conservar e gerenciar os recursos físicos do planeta, diversos autores vem discutindo acerca dos valores que eles possuem na natureza. De acordo com Murray Gray, em seu livro Geodiversity, de 2004, a geodiversidade possui seis valores: intrínseco, cultural, estético, econômico, funcional e científico/educacional.
O valor de uma coisa
pode residir nela ou na utilidade que tem para algo exterior a si mesmo. O valor
intrínseco, também conhecido como valor de existência, refere-se ao valor que
as coisas tem simplesmente por aquilo que são e não pelo que eles podem ser
usados pelo homem. É o valor mais difícil de descrever uma vez que envolve
dimensões éticas e filosóficas da relação sociedade e natureza.
O
valor cultural é concebido quando há uma ligação muito forte entre o homem e
seu desenvolvimento local social, cultural e religioso. É o valor atribuído
pelas sociedades em alguns aspectos do ambiente físico em virtude do seu
significado social.
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Entrada do município Castelo do Piauí (PI)... |
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... e a Pedra do Castelo, a maior referência cultural do município. |
O valor estético refere-se ao apelo visual (e também dos outros sentidos) fornecido pelo ambiente físico. A ideia de que as paisagens naturais são consideradas esteticamente mais agradáveis surgiu com o movimento romancista do século XIX e persiste até os dias atuais. Assim como o valor intrínseco, também é difícil de ser mensurado devido à peculiaridade do que é considerado “belo”, tornando-o subjetivo, uma vez que depende do observador.
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Mirante do Gritador no município de Pedro II. Geossítio de elevado valor estético. |
O valor econômico é o mais objetivo fácil de avaliar, uma que a sociedade já está habituada a das valores aos bens e serviços utilizados. As sociedades humanas sempre dependeram dos minerais metálicos e não-metálicos para sua sobrevivência. A dependência se dá principalmente nos campos enegéticos, da obtenção de matérias-prima e da implantação de ocupação humana.
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Opala, encontrada no município de Pedro II (PI) é usada com matéria-prima para produção de semijóias. |
O
valor funcional reconhece o valor da geodiversidade em seu local de origem, ao
contrário do valor econômico, que só confere valor à geodiversidade após ela
ser explorada. Este valor tem sido raramente discutido na
conservação da natureza, mas os solos, sedimentos, relevo e rochas têm um papel
funcional de sistemas ambientais físico e biológicos. Por sua vez podemos
reconhecer duas subdivisões de valores funcionais: a primeira é o valor
utilitário da geodiversidade in situ, ao
contrário do valor extraído; e o segundo, refere-se ao valor funcional no
fornecimento de substratos essenciais, habitats e processos abióticos que
mantêm os sistemas físicos e ecológicos da superfície da Terra.
E
por fim, o valor científico/educacional permite o homem reconhecer e
interpretar a história geológica da Terra, melhorando a sua relação com a
geodiversidade. O ambiente físico é o laboratório para as
pesquisas científicas e por vezes o único local que fornece um teste confiável
sobre muitas teorias geológicas. O valor educativo da
geodiversidade está relacionado à educação em Ciências da Terra e pode ocorrer
tanto direcionado ao público formal (ensino básico e superior) quanto ao
público informal (não escolar).
(Este texto é um trecho de um artigo que produzi durante a disciplina Geoconservação e Geodiversidade, cursada na UFC)
(Este texto é um trecho de um artigo que produzi durante a disciplina Geoconservação e Geodiversidade, cursada na UFC)
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