A diversidade natural inclui todos os
componentes bióticos e abióticos, no entanto, diante da definição clara e
precisa da biodiversidade, que inclui uma concepção em níveis, a geodiversidade
ainda apresenta algumas deficiências conceituais e metodológicas.
Os biólogos, após a difusão do termo biodiversidade na Rio92, desenvolveram
diversas metodologias de avaliação dos índices de biodiversidade, que podem
definir a riqueza biológica, grau de distribuição, raridade, etc. de seus elementos, a exemplo do Índice de Shannon, muito aceito na comunidade científica.
Serrano e Ruiz-Flãno (2007, apud SILVA 2012) defendem que, assim como nos estudos envolvendo a biodiversidade, a escala é uma questão importante no processo de definição dos critérios para avaliação da geodiversidade. Esta avaliação pode ser vista como uma questão geográfica (análise dos componentes da geodiversidade) e do planejamento regional (inserção do conceito de geodiversidade nas estratégias de ordenamento do território).
Mesmo com metodologias de avaliação do índice de geodiversidade ainda não muito satisfatoriamente estabelecidas, existem algumas propostas a exemplo de Kozlowski (2004); Benito-Calvo et al (2009); Hjort e Luoto (2010); Zwoliñski (2010) e Ruban (2010).
Serrano e Ruiz- Flãno (2009) propuseram alternativas de avaliação da geodiversidade com base na utilização de modelos de
riqueza e densidade, índices de diversidade e modelos de distribuição. O
procedimento tem basicamente as seguintes etapas: i) análise de elementos
abióticos da área (elementos geológicos, geomorfológicos, hidrogeológicos,
edáficos, etc) e; ii) delimitação de unidades geomorfológicas.
Desta forma foi proposta a seguinte equação:
Gd = Eg * R / ln * S
onde:
Gd = índice de geodiversidade
Eg = número de elementos abióticos
R = coeficiente de rugosidade do terreno
ln = logarítimo natural
ln = logarítimo natural
S = área da unidade em km2.
Para se obter o Eg são considerados
os já citados elementos abióticos da área e a topografia e variações
microclimaticas e topoclimáticas são representadas pelo coeficiente de
rugosidade. Sua utilização se justifica pelo papel na organização dos fluxos de
energia (insolação e umidade) e matérias (água e sedimentos) nas encostas e
consequentemente na diversidade e distribuição de formas e processos. Para o
coeficiente de rugosidade são consideradas as seguintes escalas de declividade:
< 5° 6° a 15° 15° a 25° 26° a 50° > 50°
1 2 3 4 5
Feito o cálculo, o índice de
geodiversidade é classificado de muito baixo à muito alto de acordo com a
escala abaixo:
< 15 15-25 25-35 35-45 > 45
muito baixo baixo médio alto muito alto
Em se tratando de
coeficiente de rugosidade, em que Serrano e Ruiz-Flãno consideram apenas a
declividade, encontrei em Christofoletti (1980) outro método de cálculo deste
coeficiente. Segundo este autor, a rugosidade combina as qualidades de
declividade e o comprimento das vertentes com a densidade de drenagem. Desta
forma,
Ir = H * Dd
onde:
Ir = índice de rugosidade
H = amplitude altimétrica
Dd = densidade da drenagem, onde Dd = Lt / A ( Lt, comprimento dos cursos d'água e A, é a área).
Como se vê, há muito o que
ser debatido envolvendo este conteúdo. Fica a dica de mais uma vertente de
trabalho que tem tudo para ser produtiva.
Após a mensuração da
geodiversidade de uma área, são encontrados os hot spots dessa geodiversidade.
A partir desta avaliação pode ser aplicada uma metodologia de catalogação de
locais de relevante interesse que serão, de acordo com o valor, considerados um
geopatrimônio.
INDICAÇÃO DE LEITURA: Geodiversidad: concepto, evaluación y aplicación territorial. El caso de Tiermes Caracena (Soria), de Serrano e Ruiz-Flãno.
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