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Pico da Bandeira, ES/MG |
As pessoas
leigas fazem confusão quando falam em colina, morro, pico, montanha, monte,
serra, etc. Existem algumas formas para classificar relevo: em função da
origem, a exemplo de Fairbridge (1968); pode ser do ponto de vista estético;
pela altura/altitude e pela forma. King (1967) elaborou uma classificação que
leva em conta apenas as montanhas produzidas nos cinturões orogenéticos,
deixando todos os outros tipos de fora. Baseados nessa classificação, ou não,
alguns geólogos e geógrafos dizem que não existem montanhas no Brasil, o que é
um grande erro, porque pensam que só existem montanhas em cinturões
orogenéticos ativos. Como este processo é considerado extinto no país,
portanto, segundo eles, não existiriam montanhas. Porém, eles nem sempre
consideram que em zonas de divergência de placas também são produzidas cadeias
de montanhas pelo processo epirogenético e ainda existem diversos tipos de
montanhas produzidos por outros processos.
Para a
geomorfologia, em geral considera-se montanha como uma elevação cuja altura em
relação à base é maior que 300 metros e com vertentes de inclinação acentuada.
Sendo assim, a elevação precisa estar a pelo menos 300 metros acima do relevo
médio circundante. Esta é a forma mais simples para classificar montanhas, de acordo
com Bates & Jackson (1976) e Price (1981). Porém, não é definido qual é a
declividade mínima das vertentes. As elevações que estiverem abaixo deste
limite podem ser consideradas morros ou, se for o caso, planícies, planaltos,
altiplanos e platôs.
Muitas vezes não
há consenso em relação a tais classificações porque cada profissional pode ter
um objetivo específico e as próprias definições para montanhas e morros em
alguns dicionários não são precisas. Para um simples observador ou mesmo para
os montanhistas, pode parecer simples identificar uma montanha na paisagem
porque eles possuem um objetivo claro e específico. Por exemplo, em áreas
planas, uma elevação isolada de 200 m de altura se destaca na paisagem e isso
pode influenciar uma percepção distorcida aos olhos de um observador não
treinado. De fato, isso pode superestimar a sensibilidade humana devido à falta
de um referencial, o que não ocorre normalmente numa região acidentada. Para os
índios brasileiros da nação Tupi, que habitavam uma boa parte das áreas
montanhosas do Sudeste, não existia uma distinção entre morro e montanha, tudo
era “ita” quando a rocha aflorava, de acordo com Faria (2005). Se de um lado
classificar montanhas do ponto de vista popular passa pela percepção que o
observador tem, quando se tenta classificá-las tecnicamente, podem surgir
algumas dificuldades.
Para classificar uma montanha deve ser levado em conta o relevo relativo, a
declividade do terreno e também a morfologia. Porém, se a definição de montanha
é bem clara, o mesmo não ocorre quando se tenta classificá-las em: baixas,
médias e altas, e este é o objetivo deste trabalho, que sugere uma
classificação.
Artigo de Antônio Paulo Faria
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